16 de março de 2023

A crescente dos números da construção civil, em Balneário Piçarras, tem impactado positivamente um segundo setor da costeira cidade: o náutico. Estima-se que hoje, as oito marinas distribuídas ao longo do

Rio Piçarras – que se conecta ao Oceano Atlântico por meio de um pacato canal – acomodem cerca de 500 embarcações (entre lanchas e jet-skis), girando uma cadeia econômica de serviços e produtos em seu entorno.

“Eu vejo que esse é um setor em ascensão na cidade. Eu uso a cidade de Balneário Camboriú como exemplo. Depois que a Marina Tedesco foi implantada, há 16 anos – mais ou menos – começou a trazer um público diferenciado. As embarcações acabam sendo um atrativo e também um aparelho de turismo, pois ele agrega a união da família, o passeio e a descontração. Ele deixa de vir para a cidade somente por conta da praia, vem por conta da embarcação. Trouxe um glamour adicional” comenta o empresário do ramo, Joine Victorino, da Marina Park.

Dados da Secretaria de Planejamento Urbano de Balneário Piçarras revelam que entre os anos de 2019 e 2022 mais de um milhão de metros quadrados foram aprovados em projetos arquitetônicos. A crescente imobiliária e a nova ponte Nelso Pedro Bordin, na visão do empresário do ramo náutico, têm fomentado o setor de navegação. A pacata boca da barra do Rio Piçarras, que oferece tranquilo no ingresso e retorno ao Atlântico, é outro ponto positivo para a ascensão náutica.

“Se eu tivesse que escolher um lugar para ter uma lancha, eu escolheria Balneário Piçarras – sem menor dúvida. Por vários motivos. Depois da ponte elevada acabou o problema de locomoção, a barra é muito boa e mansa, a baía é uma baía abrigada e relativamente mansa, uma baía de boa pesca”, analisa o comodoro do Iate Clube Piçarras, Francisco Telles. Joine reforça a opinião de Francisco, que há anos se lança ao oceano para prática da pesca esportiva – além do lazer, situação que se conecta ainda mais proximamente com a área imobiliária.

“Com a construção da nova ponte, contribuiu muito com o crescimento do setor e, principalmente, com a mobilidade marítima. Hoje, o setor não é mais refém das marés. Independentemente da maré, as embarcações alcançam o oceano tranquilamente. Ampliou a exibilização de saída e retorno”, enriqueceu a questão. Apesar de a pesca prevalecer entre o hobby daqueles que mantém uma lancha na cidade, há crescente pelo lazer – em especial no pós-pandemia.

Hoje, das 500 embarcações, estima-se que 400 sejam lanchas e 100 jet-skis. “O crescimento do setor náutico favorece a comercialização dos novos empreendimentos, especialmente os de médio e alto padrão. Não é por acaso que um grande empreendimento será lançado ainda esse ano próximo à foz do rio. Além disso, um setor náutico forte e desenvolvido atrai turistas interessados em atividades relacionadas à navegação, como passeios de barco, pesca esportiva e outras atividades aquáticas”, categoriza o especialista em mercado imobiliário, Ricardo Cubas.

Com clientes de diversas regiões do Brasil, Joine – cujo empreendimentos é mais direcionado ao lazer familiar – tem constatado que “muitas vezes, a pessoa que compra um apartamento na cidade acaba também investindo em uma primeira embarcação, em um jet-ski, isso acontece muito – principalmente nesse era pós-pandemia em que as pessoas viram a necessidade de viver a plenitude da vida”. A ligação entre os setores náutico e imobiliário também é conrmada por Ricardo.

“É possível perceber um perl de turista que busca Balneário Piçarras por conta da pesca esportiva em alto mar. Geralmente, esses turistas são homens, de meia idade, com alto poder aquisitivo. Eles estão dispostos a pagar por uma experiência única em alto mar, que envolve o desao de capturar grandes peixes e a sensação de liberdade proporcionada pelo oceano. Para esse perl de turista, Balneário Piçarras é um bom destino, pois oferece um ambiente tranquilo e relaxante, próximo a áreas de pesca e natureza preservada”, avalia Ricardo Cubas.

Ao longo do rio, é possível encontrar – ainda poucas – embarcações de 50 pés, em que os valores beiram a casa dos R$ 10 milhões. Atracadas em portos molhados, área que tende a ganhar olhos dos empresários, elas reforçam a já consolidada cadeia econômica no envolto de uma marina. “Eu conheço prossionais que vivem somente do atendimento ao setor de náutica”, crava Francisco. Joine Victorino, que tem um empreendimento metros depois do Iate Clube, amplia os beneciados.

“Nós, por exemplo, temos onze funcionários. Mas, geramos emprego para eletricista, para prossionais da bra de vidro, estofaria, mecânico...uma série de prossionais e empresas que acabam prestando serviço para o setor. Isso, sem falar nos produtos. Há também o setor de combustíveis, muito beneciado com a navegação”, quantica. O setor tem potencialidades, como por exemplo, equilibrar a linha da sazonalidade – conjuntura essa que deve ser mais bem explorada pelo poder público e privado.

“Esse é um dos segredos para manter o desenvolvimento sustentável de uma cidade litorânea. O desenvolvimento náutico pode ser uma forma de atrair turistas e investidores para Balneário Piçarras na baixa temporada. E certamente vai contribuir para o desenvolvimento de outras áreas relacionadas ao turismo, como o comércio e a gastronomia, por exemplo”, encerra Ricardo Cubas, prospectando a criação de equipamentos turísticos paralelos e que ofereçam uma rica experiência natural.